Bom, primeiro vamos definir o que é, não é mesmo? Então a melhor definição para eles é que são cistos resultantes da proliferação de remanescentes epiteliais associados à formação dos dentes. O epitélio presente em cada um dos cistos odontogênicos é derivado de uma das seguintes fontes: lâmina dentária, órgão do esmalte e de bainha de Hertwig.
Agora, como saber qual é? Como diferenciar? Como tratar? Segue abaixo um mega resumo sobre isso:
CISTO DENTÍGERO
* Ou cisto folicular
* Sua origem é pela separação do folículo que circunda a coroa de um dente NÃO ERUPCIONADO e é considerado o tipo mais comum de cisto odontogênico de desenvolvimento, porém pode ser de origem inflamatória.
* Envolve a coroa de um dente incluso e está aderido ao dente em sua junção amelocementária.
* Sua patogênese é incerta, porém aparentemente se desenvolver a partir do acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente.
>> Características Clínicas e Radiológicas:
* Acomete mais frequentemente molares inferiores (65%), mas também é frequente em caninos superiores, terceiros molares superiores e segundo pré-molares inferiores.
* Raro acometer dente decíduo não erupcionado.
* Mais comum em pacientes entre 10 e 30 anos.
* Leve predileção por homens leucodermas.
* Assintomáticos e descobertos normalmente em exames radiográficos de rotina.
* Podem estar associados a expansões ósseas dolorosas.
* Os cistos podem estar infectados e associados a aumento de volume e dor.
* Radiograficamente vemos uma área radiolúcida unilocular, com margens radiopacas bem definidas, associada À coroa de um dente incluso. Porém, quando infectado, pode apresentar margens pouco definidas.
>> Variantes na relação cisto-coroa:
1. Central: é a mais comum, onde o cisto circunda a coroa de um dente e a coroa se projeta para dentro do cisto.
2. Lateral: geralmente está associada a um terceiro molar inferior impactado com inclinação mesioangular parcialmente erupcionado. O nome se dá pelo fato do cisto crescer lateralmente ao longo da superfície radicular e circundando parcialmente a coroa do dente.
3. Circunferencial: Nessa, o cisto envolve a coroa e estende-se por uma determinada distância ao longo da raiz, com isso uma parte da raiz aparente se encontra dentro do cisto.
* Raramente dentes posteriores são deslocados, porém dentes anteriores podem vir a se deslocar para cavidade nasal, seio maxilar ou até mesmo para o assoalho da órbita
.
* Para que seja cisto odontogênico, alguns estudiosos apostam que o espaço radiolúcido que circunda a coroa de um dente deve ser em torno de 3 a 4 mm de diâmetro. Porém, achados radiográficos não servem para diagnóstico definitivo.
>> Características Histopatológicas:
* Variam, pois depende se o cisto está inflamado ou não.
- Cisto Dentígero Não Inflamado:
1. Apresenta o tecido conjuntivo fibroso da parede cística organizado frouxamente e contendo substâncias compostas de glicosaminoglicanos.
2. podem apresentar na cápsula fibrosa pequenas ilhas ou cordões de restos epiteliais odontogênicos com aspecto inativo.
3. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não queratinizadas e a interface entre o epitélio e o conjuntivo é plana.
- Cisto Dentígero Inflamado:
1. A parede fibrosa da cavidade cística possui mais colágeno, apresentando assim uma variação de infiltrado de inflamatório crônico.
2. A camada epitelial pode apresentar quantidade variável de hiperplasia com desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas.
3. Pode ter áreas focais de células mucosas na camada epitelial.
4. É raro encontrar células colunares
5. Raramente encontram-se, dentro da parede cística, ninhos de células sebáceas.
6. Exame macroscópico pode revelar uma ou muitas áreas de espessamento na superfície do lúmen.
>> Tratamento e Prognóstico:
* Enucleação cuidadosa do cisto junto com a remoção do dente não erupcionado. Caso a erupção do dente seja considerada possível, após a remoção parcial da parede cística, posiciona-se o dente corretamente para erupcionar, podendo ser necessário tratamento ortodôntico para ajudar.
* Masupialização em casos de cistos grandes, permitindo a descompressão que terá como resultado a redução do defeito ósseo.
* Prognóstico é excelente.
* Recidiva é rara após a remoção completa do cisto.
* Problemas: pode sofrer uma transformação neoplásica para ameloblastoma, carcinoma epidermoide ou mucoepidermoides intraósseos.
CISTO DE ERUPÇÃO
* Ou Hematoma de erupção
* É considerado como análogo do cisto dentígero, porém de tecido mole.
* Desenvolve-se a partir do resultado da separação do folículo dentário que envolver a coroa de um dente em erupção que está recoberto pelos tecidos moles do osso alveolar subjacente.
>> Características Clínicas:
* Pequeno aumento de volume, muitas vezes translúcido na mucosa gengival que se sobrepõe a coroa de um dente decíduo ou dente permanente em estágio de erupção.
* A maioria é observada em crianças com menos de 10 anos.
* Mais comum em incisivos centrais inferiores decíduos, primeiros molares permanentes e incisivos superiores decíduos.
* Pode ter aspecto azulado a marrom-arroxeada resultado de acumulo de sangue na cavidade cístico oriunda de um trauma na região (hematomas de erupção).
>> Características Histopatológicas:
* Exibem epitélio oral de superfície na porção superior.
* Apresentam lamina própria com infiltrado inflamatório variável.
* A porção profunda do espécime, que representa o teto do cisto, mostra uma fina camada de epitélio pavimentoso não queratinizado.
>> Tratamento e Prognóstico:
* Pode não ser necessário tratamento, uma vez que, o cisto em geral se rompe de forma espontânea permitindo a erupção normal do dente.
* Se não se romper, é feito uma simples incisão no teto do cisto permitindo assim a erupção do dente.
CERATOCISTO ODONTOGÊNICO
* Ou tumor odontogênico queratocisto.
* Possui mecanismo de crescimento e comportamento biológico distinto dos demais, uma vez que seu crescimento pode estar relacionado a fatores genéticos ou atividade enzimática na parede fibrosa do cisto, diferente dos demais onde se acredita que crescem por pressão osmótica.
* Surge dos restos celulares da lâmina dentária.
* Apresentam maior expressão do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) e ki-67, especialmente na camada suprabasal.
* São importante por três razões:
1. Possuem grande potencial de crescimento comparado aos demais cistos odontogênicos.
2. Alto índice de recidiva
3. Possível associação com a síndrome do carcinoma nevoide basocelular.
>> Características Clínicas e Radiográficas:
* Pacientes com idade variável, mas cerca de 60% dos casos são diagnosticados entre 10 e 40 anos.
* Predileção por homens.
* Predileção por mandíbula (60-80%), com maior tendência para o corpo posterior e o ramo.
* Quando pequenos são assintomáticos e normalmente descobertos pode exame radiográfico de rotina.
* Quando grandes, podem estar associados a dor – aumento de volume – drenagem de secreção, porém podem também ser assintomáticos.
* Tendem a crescer em direção Antero-posterior dentro da cavidade medular óssea, sem causar expansão óssea.
* Exibem uma área radiolúcida, com margens radiopacas regulares e bem definidas.
* Lesões grandes podem se apresentar multioculadas.
* Reabsorção radicular de dentes adjacentes é menos comum.
* Seu diagnóstico se baseia nas características histopatológicas.
>> Características Histopatológicas:
* Exibe uma cápsula delgada, friável, que muitas vezes provoca dificuldade em ser enucleada do osso em uma peça única.
* O lúmen cístico pode conter líquido claro semelhante ao transudato seroso ou pode estar preenchido por material caseoso, que ao exame microscópico, consiste em lâminas de queratina.
* A parede fibrosa é desprovida de infiltrados inflamatórios significativa.
* O revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de epitélio pavimentoso estratificado, com seis a oito células de espessura.
* O epitélio e a interface com o conjuntivo costumam ser planos e a formação de cristas epiteliais é imperceptível.
* Pode ser comum observar desprendimento epitelial dentro da cápsula fibrosa.
* A superfície luminal apresenta células epiteliais paraqueratinizadas achatadas com aspecto ondulado ou corrugado.
* Camada basal epitelial composta por uma camada em paliçada de células epiteliais cuboidais ou colunares que frequentemente são hipercromáticas.
* Na cápsula podemos encontrar pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico (7-26%).
* Se tiver alterações inflamatórias -> a superfície luminal paraqueratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar aparecendo assim às cristas epiteliais com perda do aspecto em paliçada.
>> Tratamento e Prognóstico:
* Enucleação ou curetagem
* Tendência de recidiva pós tratamento (5-62%) -> região posterior de mandíbula -> em até 10 anos -> importante realizar acompanhamento clínico e radiográfico por longo tempo.
* Osteoctomia periférica para diminuir o número de recidivas -> broca esférica para osso.
* Cauterização química com solução de Carnoy.
* Descompressão com dreno de polieteno.
* Prognóstico na maioria das vezes é bom.
CISTO GENGIVAL DO RECÉM NASCIDO
* Ou cisto alveolar do recém-nascido
* Pequenos, superficiais, preenchido de queratina, encontrados na mucosa alveolar de crianças.
* Se originam de remanescentes da lâmina dentária
* Comuns e desaparecem de maneira espontânea através do seu rompimento na cavidade oral.
>> Características Clínicas:
* Surgem como múltiplas pequenas pápulas esbranquiçadas na mucosa que recobre o processo alveolar dos neonatos, que medem aproximadamente entre 2 e 3 mm de diâmetro.
* Rebordo alveolar superior > inferior.
>> Características Histopatológicas:
* Revestimento epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal de paraqueratina.
* Lúmen com restos de queratina.
>> Tratamento e Prognóstico:
* Não é indicado nenhum tratamento.
* Raramente são observadas após os três meses de idade.
CISTO GENGIVAL DO ADULTO
* É uma lesão incomum
* Derivados dos restos da lâmina dentária (resto de serres).
>> Características Clínicas:
* Predileção pela região de caninos e pré-molares inferiores (6075%).
* Mais comum em pacientes de quinta a sexta década de vida.
* Localizados na gengiva vestibular ou em mucosa alveolar.
* Quando em maxila, geralmente são encontrados na região de incisivos, caninos e pré-molares.
* Nódulo indolor em forma de cúpula, com menos de 0,5 cm de diâmetro.
* Coloração azulada ou cinza-azulada.
* Pode causar “reabsorção em taça” superficial do osso alveolar o que não se detecta na radiografia.
>> Características Histopatológicas:
* Revestimento epitelial delgado e achatado, com ou sem placas focais que contêm células claras.
* Pequenos ninhos de células claras ricas em glicogênio representam restos da lâmina dentária em tecido conjuntivo circunjacente.
* Revestimento cístico, as vezes, é tão fino que pode vir a ser confundido com revestimento endotelial de vasos sanguíneos dilatados.
>> Tratamento e Prognóstico:
* Excisão cirúrgica,
* Prognóstico excelente.
Até a próxima pessoal ;)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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