segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CISTOS ODONTOGÊNICOS - O QUE SÃO? QUAIS OS TIPOS? COMO DIFERENCIAR?

Bom, primeiro vamos definir o que é, não é mesmo? Então a melhor definição para eles é que são cistos resultantes da proliferação de remanescentes epiteliais associados à formação dos dentes. O epitélio presente em cada um dos cistos odontogênicos é derivado de uma das seguintes fontes: lâmina dentária, órgão do esmalte e de bainha de Hertwig. 

Agora, como saber qual é? Como diferenciar? Como tratar? Segue abaixo um mega resumo sobre isso:

CISTO DENTÍGERO

* Ou cisto folicular 

* Sua origem é pela separação do folículo que circunda a coroa de um dente NÃO ERUPCIONADO e é considerado o tipo mais comum de cisto odontogênico de desenvolvimento, porém pode ser de origem inflamatória. 

* Envolve a coroa de um dente incluso e está aderido ao dente em sua junção amelocementária. 

* Sua patogênese é incerta, porém aparentemente se desenvolver a partir do acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente. 

>> Características Clínicas e Radiológicas: 

* Acomete mais frequentemente molares inferiores (65%), mas também é frequente em caninos superiores, terceiros molares superiores e segundo pré-molares inferiores. 

* Raro acometer dente decíduo não erupcionado. 

* Mais comum em pacientes entre 10 e 30 anos. 

* Leve predileção por homens leucodermas. 

* Assintomáticos e descobertos normalmente em exames radiográficos de rotina. 

* Podem estar associados a expansões ósseas dolorosas. 

* Os cistos podem estar infectados e associados a aumento de volume e dor. 

* Radiograficamente vemos uma área radiolúcida unilocular, com margens radiopacas bem definidas, associada À coroa de um dente incluso. Porém, quando infectado, pode apresentar margens pouco definidas. 

>> Variantes na relação cisto-coroa:

1. Central: é a mais comum, onde o cisto circunda a coroa de um dente e a coroa se projeta para dentro do cisto. 

2. Lateral: geralmente está associada a um terceiro molar inferior impactado com inclinação mesioangular parcialmente erupcionado. O nome se dá pelo fato do cisto crescer lateralmente ao longo da superfície radicular e circundando parcialmente a coroa do dente. 

3. Circunferencial: Nessa, o cisto envolve a coroa e estende-se por uma determinada distância ao longo da raiz, com isso uma parte da raiz aparente se encontra dentro do cisto. 

* Raramente dentes posteriores são deslocados, porém dentes anteriores podem vir a se deslocar para cavidade nasal, seio maxilar ou até mesmo para o assoalho da órbita
* Para que seja cisto odontogênico, alguns estudiosos apostam que o espaço radiolúcido que circunda a coroa de um dente deve ser em torno de 3 a 4 mm de diâmetro. Porém, achados radiográficos não servem para diagnóstico definitivo. 

>> Características Histopatológicas: 

* Variam, pois depende se o cisto está inflamado ou não. 

- Cisto Dentígero Não Inflamado: 

1. Apresenta o tecido conjuntivo fibroso da parede cística organizado frouxamente e contendo substâncias compostas de glicosaminoglicanos. 
2. podem apresentar na cápsula fibrosa pequenas ilhas ou cordões de restos epiteliais odontogênicos com aspecto inativo. 
3. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não queratinizadas e a interface entre o epitélio e o conjuntivo é plana. 

- Cisto Dentígero Inflamado: 

1. A parede fibrosa da cavidade cística possui mais colágeno, apresentando assim uma variação de infiltrado de inflamatório crônico. 

2. A camada epitelial pode apresentar quantidade variável de hiperplasia com desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas. 

3. Pode ter áreas focais de células mucosas na camada epitelial. 

4. É raro encontrar células colunares 

5. Raramente encontram-se, dentro da parede cística, ninhos de células sebáceas. 

6. Exame macroscópico pode revelar uma ou muitas áreas de espessamento na superfície do lúmen. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Enucleação cuidadosa do cisto junto com a remoção do dente não erupcionado. Caso a erupção do dente seja considerada possível, após a remoção parcial da parede cística, posiciona-se o dente corretamente para erupcionar, podendo ser necessário tratamento ortodôntico para ajudar. 

* Masupialização em casos de cistos grandes, permitindo a descompressão  que terá como resultado a redução do defeito ósseo. 

* Prognóstico é excelente. 

* Recidiva é rara após a remoção completa do cisto. 

* Problemas: pode sofrer uma transformação neoplásica para ameloblastoma, carcinoma epidermoide ou mucoepidermoides intraósseos. 




CISTO DE ERUPÇÃO 

* Ou Hematoma de erupção 

* É considerado como análogo do cisto dentígero, porém de tecido mole. 

* Desenvolve-se a partir do resultado da separação do folículo dentário que envolver a coroa de um dente em erupção que está recoberto pelos tecidos moles do osso alveolar subjacente. 

>> Características Clínicas: 

* Pequeno aumento de volume, muitas vezes translúcido na mucosa gengival que se sobrepõe a coroa de um dente decíduo ou dente permanente em estágio de erupção. 

* A maioria é observada em crianças com menos de 10 anos. 

* Mais comum em incisivos centrais inferiores decíduos, primeiros molares permanentes e incisivos superiores decíduos.  

* Pode ter aspecto azulado a marrom-arroxeada resultado de acumulo de sangue na cavidade cístico oriunda de um trauma na região (hematomas de erupção). 



>> Características Histopatológicas: 

* Exibem epitélio oral de superfície na porção superior. 

* Apresentam lamina própria com infiltrado inflamatório variável. 

* A porção profunda do espécime, que representa o teto do cisto, mostra uma fina camada de epitélio pavimentoso não queratinizado. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Pode não ser necessário tratamento, uma vez que, o cisto em geral se rompe de forma espontânea permitindo a erupção normal do dente. 

* Se não se romper, é feito uma simples incisão no teto do cisto permitindo assim a erupção do dente. 

CERATOCISTO ODONTOGÊNICO

* Ou tumor odontogênico queratocisto. 

* Possui mecanismo de crescimento e comportamento biológico distinto dos demais, uma vez que seu crescimento pode estar relacionado a fatores genéticos ou atividade enzimática na parede fibrosa do cisto, diferente dos demais onde se acredita que crescem por pressão osmótica. 

* Surge dos restos celulares da lâmina dentária. 

* Apresentam maior expressão do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) e ki-67, especialmente na camada suprabasal. 

* São importante por três razões: 

1. Possuem grande potencial de crescimento comparado aos demais cistos odontogênicos. 

2. Alto índice de recidiva 

3. Possível associação com a síndrome do carcinoma nevoide basocelular. 

>> Características Clínicas e Radiográficas: 

* Pacientes com idade variável, mas cerca de 60% dos casos são diagnosticados entre 10 e 40 anos. 

* Predileção por homens. 

* Predileção por mandíbula (60-80%), com maior tendência para o corpo posterior e o ramo. 

* Quando pequenos são assintomáticos e normalmente descobertos pode exame radiográfico de rotina. 

* Quando grandes, podem estar associados a dor – aumento de volume – drenagem de secreção, porém podem também ser assintomáticos. 

* Tendem a crescer em direção Antero-posterior dentro da cavidade medular óssea, sem causar expansão óssea. 

* Exibem uma área radiolúcida, com margens radiopacas regulares e bem definidas. 

* Lesões grandes podem se apresentar multioculadas. 

* Reabsorção radicular de dentes adjacentes é menos comum. 

* Seu diagnóstico se baseia nas características histopatológicas. 



>> Características Histopatológicas: 

* Exibe uma cápsula delgada, friável, que muitas vezes provoca dificuldade em ser enucleada do osso em uma peça única. 

* O lúmen cístico pode conter líquido claro semelhante ao transudato seroso ou pode estar preenchido por material caseoso, que ao exame microscópico, consiste em lâminas de queratina. 

* A parede fibrosa é desprovida de infiltrados inflamatórios significativa. 

* O revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de epitélio pavimentoso estratificado, com seis a oito células de espessura. 

* O epitélio e a interface com o conjuntivo costumam ser planos e a formação de cristas epiteliais é imperceptível. 

* Pode ser comum observar desprendimento epitelial dentro da cápsula fibrosa. 

* A superfície luminal apresenta células epiteliais paraqueratinizadas achatadas com aspecto ondulado ou corrugado. 

* Camada basal epitelial composta por uma camada em paliçada de células epiteliais cuboidais ou colunares que frequentemente são hipercromáticas. 

* Na cápsula podemos encontrar pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico (7-26%). 

* Se tiver alterações inflamatórias -> a superfície luminal paraqueratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar aparecendo assim às cristas epiteliais com perda do aspecto em paliçada. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Enucleação ou curetagem 

* Tendência de recidiva pós tratamento (5-62%) -> região posterior de mandíbula -> em até 10 anos -> importante realizar acompanhamento clínico e radiográfico por longo tempo. 

* Osteoctomia periférica para diminuir o número de recidivas -> broca esférica para osso. 

* Cauterização química com solução de Carnoy. 

* Descompressão com dreno de polieteno. 

* Prognóstico na maioria das vezes é bom. 

CISTO GENGIVAL DO RECÉM NASCIDO 

* Ou cisto alveolar do recém-nascido 

* Pequenos, superficiais, preenchido de queratina, encontrados na mucosa alveolar de crianças. 

* Se originam de remanescentes da lâmina dentária 

* Comuns e desaparecem de maneira espontânea através do seu rompimento na cavidade oral. 

>> Características Clínicas: 

* Surgem como múltiplas pequenas pápulas esbranquiçadas na mucosa que recobre o processo alveolar dos neonatos, que medem aproximadamente entre 2 e 3 mm de diâmetro. 

* Rebordo alveolar superior > inferior. 

>> Características Histopatológicas: 

* Revestimento epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal de paraqueratina. 

* Lúmen com restos de queratina. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Não é indicado nenhum tratamento. 

* Raramente são observadas após os três meses de idade. 

CISTO GENGIVAL DO ADULTO

* É uma lesão incomum 

* Derivados dos restos da lâmina dentária (resto de serres). 

>> Características Clínicas: 

* Predileção pela região de caninos e pré-molares inferiores (6075%). 

* Mais comum em pacientes de quinta a sexta década de vida. 

* Localizados na gengiva vestibular ou em mucosa alveolar. 

* Quando em maxila, geralmente são encontrados na região de incisivos, caninos e pré-molares. 

* Nódulo indolor em forma de cúpula, com menos de 0,5 cm de diâmetro. 

* Coloração azulada ou cinza-azulada. 

* Pode causar “reabsorção em taça” superficial do osso alveolar o que não se detecta na radiografia. 



>> Características Histopatológicas: 

* Revestimento epitelial delgado e achatado, com ou sem placas focais que contêm células claras. 

* Pequenos ninhos de células claras ricas em glicogênio representam restos da lâmina dentária em tecido conjuntivo circunjacente. 

* Revestimento cístico, as vezes, é tão fino que pode vir a ser confundido com revestimento endotelial de vasos sanguíneos dilatados. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Excisão cirúrgica, 

* Prognóstico excelente. 


Até a próxima pessoal ;)




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

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