segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CISTOS ODONTOGÊNICOS - O QUE SÃO? QUAIS OS TIPOS? COMO DIFERENCIAR?

Bom, primeiro vamos definir o que é, não é mesmo? Então a melhor definição para eles é que são cistos resultantes da proliferação de remanescentes epiteliais associados à formação dos dentes. O epitélio presente em cada um dos cistos odontogênicos é derivado de uma das seguintes fontes: lâmina dentária, órgão do esmalte e de bainha de Hertwig. 

Agora, como saber qual é? Como diferenciar? Como tratar? Segue abaixo um mega resumo sobre isso:

CISTO DENTÍGERO

* Ou cisto folicular 

* Sua origem é pela separação do folículo que circunda a coroa de um dente NÃO ERUPCIONADO e é considerado o tipo mais comum de cisto odontogênico de desenvolvimento, porém pode ser de origem inflamatória. 

* Envolve a coroa de um dente incluso e está aderido ao dente em sua junção amelocementária. 

* Sua patogênese é incerta, porém aparentemente se desenvolver a partir do acúmulo de fluido entre o epitélio reduzido do esmalte e a coroa do dente. 

>> Características Clínicas e Radiológicas: 

* Acomete mais frequentemente molares inferiores (65%), mas também é frequente em caninos superiores, terceiros molares superiores e segundo pré-molares inferiores. 

* Raro acometer dente decíduo não erupcionado. 

* Mais comum em pacientes entre 10 e 30 anos. 

* Leve predileção por homens leucodermas. 

* Assintomáticos e descobertos normalmente em exames radiográficos de rotina. 

* Podem estar associados a expansões ósseas dolorosas. 

* Os cistos podem estar infectados e associados a aumento de volume e dor. 

* Radiograficamente vemos uma área radiolúcida unilocular, com margens radiopacas bem definidas, associada À coroa de um dente incluso. Porém, quando infectado, pode apresentar margens pouco definidas. 

>> Variantes na relação cisto-coroa:

1. Central: é a mais comum, onde o cisto circunda a coroa de um dente e a coroa se projeta para dentro do cisto. 

2. Lateral: geralmente está associada a um terceiro molar inferior impactado com inclinação mesioangular parcialmente erupcionado. O nome se dá pelo fato do cisto crescer lateralmente ao longo da superfície radicular e circundando parcialmente a coroa do dente. 

3. Circunferencial: Nessa, o cisto envolve a coroa e estende-se por uma determinada distância ao longo da raiz, com isso uma parte da raiz aparente se encontra dentro do cisto. 

* Raramente dentes posteriores são deslocados, porém dentes anteriores podem vir a se deslocar para cavidade nasal, seio maxilar ou até mesmo para o assoalho da órbita
* Para que seja cisto odontogênico, alguns estudiosos apostam que o espaço radiolúcido que circunda a coroa de um dente deve ser em torno de 3 a 4 mm de diâmetro. Porém, achados radiográficos não servem para diagnóstico definitivo. 

>> Características Histopatológicas: 

* Variam, pois depende se o cisto está inflamado ou não. 

- Cisto Dentígero Não Inflamado: 

1. Apresenta o tecido conjuntivo fibroso da parede cística organizado frouxamente e contendo substâncias compostas de glicosaminoglicanos. 
2. podem apresentar na cápsula fibrosa pequenas ilhas ou cordões de restos epiteliais odontogênicos com aspecto inativo. 
3. O revestimento epitelial consiste em duas a quatro camadas de células achatadas não queratinizadas e a interface entre o epitélio e o conjuntivo é plana. 

- Cisto Dentígero Inflamado: 

1. A parede fibrosa da cavidade cística possui mais colágeno, apresentando assim uma variação de infiltrado de inflamatório crônico. 

2. A camada epitelial pode apresentar quantidade variável de hiperplasia com desenvolvimento de cristas epiteliais e características escamosas mais definidas. 

3. Pode ter áreas focais de células mucosas na camada epitelial. 

4. É raro encontrar células colunares 

5. Raramente encontram-se, dentro da parede cística, ninhos de células sebáceas. 

6. Exame macroscópico pode revelar uma ou muitas áreas de espessamento na superfície do lúmen. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Enucleação cuidadosa do cisto junto com a remoção do dente não erupcionado. Caso a erupção do dente seja considerada possível, após a remoção parcial da parede cística, posiciona-se o dente corretamente para erupcionar, podendo ser necessário tratamento ortodôntico para ajudar. 

* Masupialização em casos de cistos grandes, permitindo a descompressão  que terá como resultado a redução do defeito ósseo. 

* Prognóstico é excelente. 

* Recidiva é rara após a remoção completa do cisto. 

* Problemas: pode sofrer uma transformação neoplásica para ameloblastoma, carcinoma epidermoide ou mucoepidermoides intraósseos. 




CISTO DE ERUPÇÃO 

* Ou Hematoma de erupção 

* É considerado como análogo do cisto dentígero, porém de tecido mole. 

* Desenvolve-se a partir do resultado da separação do folículo dentário que envolver a coroa de um dente em erupção que está recoberto pelos tecidos moles do osso alveolar subjacente. 

>> Características Clínicas: 

* Pequeno aumento de volume, muitas vezes translúcido na mucosa gengival que se sobrepõe a coroa de um dente decíduo ou dente permanente em estágio de erupção. 

* A maioria é observada em crianças com menos de 10 anos. 

* Mais comum em incisivos centrais inferiores decíduos, primeiros molares permanentes e incisivos superiores decíduos.  

* Pode ter aspecto azulado a marrom-arroxeada resultado de acumulo de sangue na cavidade cístico oriunda de um trauma na região (hematomas de erupção). 



>> Características Histopatológicas: 

* Exibem epitélio oral de superfície na porção superior. 

* Apresentam lamina própria com infiltrado inflamatório variável. 

* A porção profunda do espécime, que representa o teto do cisto, mostra uma fina camada de epitélio pavimentoso não queratinizado. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Pode não ser necessário tratamento, uma vez que, o cisto em geral se rompe de forma espontânea permitindo a erupção normal do dente. 

* Se não se romper, é feito uma simples incisão no teto do cisto permitindo assim a erupção do dente. 

CERATOCISTO ODONTOGÊNICO

* Ou tumor odontogênico queratocisto. 

* Possui mecanismo de crescimento e comportamento biológico distinto dos demais, uma vez que seu crescimento pode estar relacionado a fatores genéticos ou atividade enzimática na parede fibrosa do cisto, diferente dos demais onde se acredita que crescem por pressão osmótica. 

* Surge dos restos celulares da lâmina dentária. 

* Apresentam maior expressão do antígeno nuclear de proliferação celular (PCNA) e ki-67, especialmente na camada suprabasal. 

* São importante por três razões: 

1. Possuem grande potencial de crescimento comparado aos demais cistos odontogênicos. 

2. Alto índice de recidiva 

3. Possível associação com a síndrome do carcinoma nevoide basocelular. 

>> Características Clínicas e Radiográficas: 

* Pacientes com idade variável, mas cerca de 60% dos casos são diagnosticados entre 10 e 40 anos. 

* Predileção por homens. 

* Predileção por mandíbula (60-80%), com maior tendência para o corpo posterior e o ramo. 

* Quando pequenos são assintomáticos e normalmente descobertos pode exame radiográfico de rotina. 

* Quando grandes, podem estar associados a dor – aumento de volume – drenagem de secreção, porém podem também ser assintomáticos. 

* Tendem a crescer em direção Antero-posterior dentro da cavidade medular óssea, sem causar expansão óssea. 

* Exibem uma área radiolúcida, com margens radiopacas regulares e bem definidas. 

* Lesões grandes podem se apresentar multioculadas. 

* Reabsorção radicular de dentes adjacentes é menos comum. 

* Seu diagnóstico se baseia nas características histopatológicas. 



>> Características Histopatológicas: 

* Exibe uma cápsula delgada, friável, que muitas vezes provoca dificuldade em ser enucleada do osso em uma peça única. 

* O lúmen cístico pode conter líquido claro semelhante ao transudato seroso ou pode estar preenchido por material caseoso, que ao exame microscópico, consiste em lâminas de queratina. 

* A parede fibrosa é desprovida de infiltrados inflamatórios significativa. 

* O revestimento epitelial é composto por uma camada uniforme de epitélio pavimentoso estratificado, com seis a oito células de espessura. 

* O epitélio e a interface com o conjuntivo costumam ser planos e a formação de cristas epiteliais é imperceptível. 

* Pode ser comum observar desprendimento epitelial dentro da cápsula fibrosa. 

* A superfície luminal apresenta células epiteliais paraqueratinizadas achatadas com aspecto ondulado ou corrugado. 

* Camada basal epitelial composta por uma camada em paliçada de células epiteliais cuboidais ou colunares que frequentemente são hipercromáticas. 

* Na cápsula podemos encontrar pequenos cistos, cordões ou ilhas satélites de epitélio odontogênico (7-26%). 

* Se tiver alterações inflamatórias -> a superfície luminal paraqueratinizada pode desaparecer e o epitélio pode proliferar aparecendo assim às cristas epiteliais com perda do aspecto em paliçada. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Enucleação ou curetagem 

* Tendência de recidiva pós tratamento (5-62%) -> região posterior de mandíbula -> em até 10 anos -> importante realizar acompanhamento clínico e radiográfico por longo tempo. 

* Osteoctomia periférica para diminuir o número de recidivas -> broca esférica para osso. 

* Cauterização química com solução de Carnoy. 

* Descompressão com dreno de polieteno. 

* Prognóstico na maioria das vezes é bom. 

CISTO GENGIVAL DO RECÉM NASCIDO 

* Ou cisto alveolar do recém-nascido 

* Pequenos, superficiais, preenchido de queratina, encontrados na mucosa alveolar de crianças. 

* Se originam de remanescentes da lâmina dentária 

* Comuns e desaparecem de maneira espontânea através do seu rompimento na cavidade oral. 

>> Características Clínicas: 

* Surgem como múltiplas pequenas pápulas esbranquiçadas na mucosa que recobre o processo alveolar dos neonatos, que medem aproximadamente entre 2 e 3 mm de diâmetro. 

* Rebordo alveolar superior > inferior. 

>> Características Histopatológicas: 

* Revestimento epitelial delgado e achatado, com uma superfície luminal de paraqueratina. 

* Lúmen com restos de queratina. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Não é indicado nenhum tratamento. 

* Raramente são observadas após os três meses de idade. 

CISTO GENGIVAL DO ADULTO

* É uma lesão incomum 

* Derivados dos restos da lâmina dentária (resto de serres). 

>> Características Clínicas: 

* Predileção pela região de caninos e pré-molares inferiores (6075%). 

* Mais comum em pacientes de quinta a sexta década de vida. 

* Localizados na gengiva vestibular ou em mucosa alveolar. 

* Quando em maxila, geralmente são encontrados na região de incisivos, caninos e pré-molares. 

* Nódulo indolor em forma de cúpula, com menos de 0,5 cm de diâmetro. 

* Coloração azulada ou cinza-azulada. 

* Pode causar “reabsorção em taça” superficial do osso alveolar o que não se detecta na radiografia. 



>> Características Histopatológicas: 

* Revestimento epitelial delgado e achatado, com ou sem placas focais que contêm células claras. 

* Pequenos ninhos de células claras ricas em glicogênio representam restos da lâmina dentária em tecido conjuntivo circunjacente. 

* Revestimento cístico, as vezes, é tão fino que pode vir a ser confundido com revestimento endotelial de vasos sanguíneos dilatados. 

>> Tratamento e Prognóstico: 

* Excisão cirúrgica, 

* Prognóstico excelente. 


Até a próxima pessoal ;)




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

ISOLAMENTO ABSOLUTO - GRAMPOS, MODO DE FAZER E MUITAS OUTRAS COISAS

 ISOLAMENTO

O isolamento do campo de trabalho é muito importante na realização eficaz dos procedimentos, principalmente de uma restauração por ser necessário que o campo esteja totalmente seco para que tenha uma durabilidade boa. Ele pode ser classificado em dois tipos: o Absoluto e o Relativo.

O Isolamento Absoluto utiliza para proteção um dique de borracha, mais conhecido por lençol de borracha, de cor azul normalmente e precisa de outras instrumentais para sua realização, como por exemplo: perfurador de ainsworth, pinça porta grampo, arco metálico de young, grampos (os quais detalharemos mais abaixo), lubrificante (para auxiliar a passagem do dente pela perfuração do lençol), e outros caso necessário.

                        

Esse tipo de Isolamento apresenta algumas vantagens, como por exemplo:

  • Mantém o espaço de trabalho totalmente seco e livre de infecções
  • Melhora a visibilidade
  • Protege tecidos moles
  • Melhor o acesso ao dente
  • Protege o paciente da deglutição de material
  • Aumenta a produtividade do Cirurgião Dentista

Porém apresenta algumas limitações, uma vez que não pode ser realizado em dentes recém erupcionados, pacientes com problemas respiratórios, entre outros.

O perfurador de Ainsworth é utilizado para fazer as perfurações no lençol de borracha, onde o dente irá "passar". Para isso, esse instrumental contém 5 tamanhos diferentes, sendo do menor para o maior, utilizado para incisivos inferiores, dentes anteriores superiores e canino inferiores, pré molares, molares e o maior usado para o dente que receberá o grampo. 

Perfurador de Ainsworth

Os grampos, por sua vez, recebem diferentes numerações e indicações para quais dentes são, por exemplo:
  • Grampo 200 a 205 -> Indicado para molares
  • Grampo 206 a 209 -> Indicado para pré molares
  • Grampo 26 e 28 -> Indicado para molares que apresentem pouca retenção
  • Grampo 212 -> Indicado quando há retração gengival
  • Grampo 200 a 212 -> Indicado para dentes anteriores
  • W8A -> Indicado para molares parcialmente erupcionados
  • Grampo 204 -> tem aletas e por isso pode ser colocado em conjunto (grampo + lençol + arco)
  • Grampo 206 -> não tem aletas, e por isso deve ser colocado antes do lençol e do arco.

Regra: 

  • Para dentes anteriores, devemos isolar de pré molar direito a pré molar esquerdo.
  • Para dentes posteriores, deve-se isolar dois dentes que esteja a distal do dente que será tratado (quando possível) e todos os dentes até o canino do lado oposto.
Passo a Passo:
  1. Marque no lençol de borracha, com o auxilio de uma caneta de retroprojetor, os dentes que serão isolados.
  2. Utilize o perfurador para perfurar as marcações realizadas.
  3. Após perfurado, lubrifique os orifícios com o auxilio do lubrificantes que deve ser hidrossolúvel.
  4. Selecione o grampo indicado e teste-o, sempre tomando cuidado para não machucar tecido mole.
  5. Verifique os pontos de contato e regularize as cristas marginais, certificando que o lençol passe por esses pontos sem rasgar.
  6. Coloque o lençol de borracha, grampo e arco (esse passo depende de qual grampo será usado, pois existem diferentes técnicas).
  7. Com o fio dental, certifique-se que o lençol tenha passado por todas as áreas dos dentes a serem isolados.
  8. Faça amarrias com o fio dental, entre os dentes isolados, para estabilizar o lençol e impedir a drenagem de saliva.
* Atenção: a remoção deve ser feita cuidadosamente e indica-se que o CD amarre um pedaço de fio dental ao grampo para fixar ele ao arco, uma vez que isso evita que o mesmo "pule" em direção ao chão ou até mesmo aos olhos do profissional.

Agora um vídeo bem legal para aplicar o conhecimento <3 



Fonte: pdentista, ufrn dentística.


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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

HIPOGLICEMIA - O QUE FAZER EM CASOS DE COMPLICAÇÕES?

HIPOGLICEMIA

Todos sabem o que é hipoglicemia, mas o que nem todos sabem é: o que fazer se ao atender um paciente nesse quadro, houver alguma complicação? Então, aqui vai a conduta considerada "CERTA" pelo manual de suporte básico de vida:


  • O que devemos fazer se o diabético estiver com hipoglicemia?  
    Deve-se dar açúcar para ele na tentativa de normalizar o quadro.

  • Qual a etiologia?
    A etiologia pode estar ligada a diversos fatores, como por exemplo: déficit alimentar/jejum, sobredose de insulina (tipo 1), esforço físico exagerado, uso de medicamentos. 

  • Qual a sintomatologia apresentada?
    Ansiedade, nervosismo, taquicardia, sudorese, palidez, frio, midríase, sialorréia, náusea, vômito, desconforto abdominal (borborigmo). 

  • Qual a sintomatologia que caracteriza um quadro severo de hipoglicemia?
    O paciente irá apresentar os seguintes sintomas e sinais: humor alterado (choro, irritabilidade, depressão), letargia, sono, tontura, cefaleia, olhar fixo, visão dupla, visão embaraçada, dificuldade de fala, falta de coordenação motora, convulsão, dispneia, parestesia, coma.

  • CONDUTA PARA O PACIENTE QUE ESTIVER LÚCIDO ORIENTADO E CONSCIENTE (LOC):

    1. Remover todo o material da boca
    2. Administrar carboidrato (via oral)
    3. Manter sob observação
    4. Dispensar com acompanhante
    5. Solicitar investigação

  • CONDUTA PARA O PACIENTE NÃO RESPONSIVO:

    1. Chame um serviço especializado
    2. Deite o paciente de costas (compressão torácica), com os pés elevados.
    3. Verifique os sinais vitais (C.A.B.) em até 10 segundos
    4. Administrar açúcar líquido por sublingual, tendo o cuidado do mesmo não se afogar.
    5. Administrar glicose 25% por via endovenosa
    6. Monitorizar os sinais vitais a cada 5 minutos enquanto aguarda por socorro
    7. Dispense o paciente sob cuidado médico
    8. Investigue as causas da hipoglicemia para evitar recorrência. 

Agora estamos todos aptos a realizar a conduta correta frente a um paciente com hipoglicemia, certo? Então até a próxima ;)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

MATERIAIS DENTÁRIOS - MATERIAIS DE PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR

MATERIAIS DE PROTEÇÃO DO COMPLEXO DENTINOPULPAR

O conjunto esmalte-dentina são os responsáveis por realizar a proteção biológica da polpa, além de se protegerem de forma mútua. O esmalte, por ser duro e impermeável, tem como função a proteção da dentina, que é permeável e pouco resistente. Essa por sua vez, protege o esmalte devido sua capacidade de resiliência. Já a polpa dentária é totalmente diferente, pois é um tecido conjuntivo altamente diferenciado, muito vascularizado e inervado, sendo sua principal característica a produção de dentina frente a injúrias, sendo essa uma reação efetiva de defesa do organismo, pois sua vitalidade é essencial e por isso temos que as proteções desse complexo. 

As proteções consistem da aplicação de um ou mais agentes protetores, tanto em dentina como também em polpa já exposta, com o objetivo de manter ou até mesmo recuperar a vitalidade desses órgãos. Alguns fatores devem ser considerados na hora de escolher o material restaurador, como por exemplo: idade do paciente, condição pulpar e profundidade da cavidade. Existem duas técnicas distintas que são usadas na proteção, sendo as DIRETAS E INDIRETAS

  • As proteções pulpares DIRETAS caracterizam-se pela aplicação de uma agente protetor diretamente sobre o tecido pulpar exposto, estimulando o desenvolvimento de nova dentina para que haja uma eficaz proteção da polpa frente a irritações.
  • As proteções pulpares INDIRETAS são aquelas em que realiza-se a aplicação de agente seladores, forradores e/ou bases para proteção nas paredes cavitárias com o objetivo de garantir a proteção, mantendo a vitalidade pulpar e inibindo o processo carioso, além de reduzir a micro infiltração.
CLASSIFICAÇÃO:
  • VEDADOR CAVITÁRIO: para profundidade de 0,1 mm
  • FORRADOR CAVITÁRIO: para profundidade de 0,5 mm
  • BASE PROTETORA: para profundidades entre 0,5 e 2,0 mm

>> VEDADORES:

  • Reduzem a permeabilidade dentinária
  • Não são bactericidas
  • Apresentam baixa proteção elétrica e térmica
  • Vernizes
>> FORRADORES:
  • Protegem a polpar de estímulos externos
  • Apresentam biocompatibilidade
  • Tem ação bactericida
>> BASE PROTETORA:
  • Protege o material de forramento
  • Atua como isolante termoelétrico
  • Diminui a quantidade necessária de material restaurador


Fonte: Proteção do complexo dentino/pulpar de Prof. Dr. Fernando Mandarino e outros.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

PATOLOGIA - FENDAS OROFACIAIS

O que são as fendas orofaciais?

São distúrbios no crescimento dos processos teciduais, ou sua fusão, no qual podem resultar na formação das fendas.

Tipos: 

Fenda Labial

>> Fusão do Processo Nasal Mediano com os Processos Maxilares

>> Pode ser classificado em: COMPLETA (quando atinge o nariz) e INCOMPLETA (quando é restrita ao lábio)

>> Sua etiologia é múltipla e obscura, podendo estar associada a diversos fatores, como por exemplo: fatores genéticos e ambientes, ou até mesmo relacionado com diferentes síndromes de desenvolvimento.

>> Sua ocorrência apresenta uma variação racial considerável

>> Em homens é mais comum encontrarmos Fenda Labial com Fenda Palatina. Já em mulheres, é mais comum a Fenda Palatina.

>> Características Clínicas: 

- 80% das FL são unilaterais
- Lado esquerdo normalmente é o mais afetado
- Apresenta ausência de dentes, e muito raramento, dentes supranumerários.

Resultado de imagem para fenda labial Resultado de imagem para fenda labial

Fenda Palatina

>> Variam de acordo com a gravidade
>> Apresenta como mínima manifestação a úvula fendida ou bífida, e como máxima manifestação podendo envolver palato duro, e mole, ou apenas o palato mole.
>> Forma-se uma fenda na região do palato duro, e mole, que resulta na comunicação da cavidade bucal com a cavidade nasal.

Resultado de imagem para fenda palatina
Paciente com fenda palatina. Imagem retirada do blog cirurgiaoralface.


Lábio Leporino ou Fenda Lábio/Palato

>> São defeitos de nascimento devido a má formação das estruturas
>> Lábio leporino é quando um lábio superior encontra-se separado por causa de uma falha no ligamento do tecido dos lábios.
>> Pode afetar muito a saúde bucal, como no posicionamento dos dentes, tamanho além da estética. 


Fonte: Neville, Colgate.
Imagens retiradas de blog e sites, como asaudeempauta.

domingo, 11 de dezembro de 2016

MATERIAIS DENTÁRIOS - CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO FOTOPOLIMERIZÁVEL

O Cimento de Ionômero de Vidro Fotopolimerizável é um excelente material restaurador, principalmente por sua excelente adesão mas também por liberar flúor, sendo então ideal para selamento cavitário e prevenção de lesões de cárie. Apresenta facilidade para manipular, estética agradável e boas propriedades mecânicas, sendo indicado para dentes que contenham mais de 50% da sua estrutura preservada.
Kit Ionômero de Vidro Vitremer - 3M ESPE
Mas como é realizado o procedimento usando o CIVF? Abaixo está um passo a passo desse simples procedimento, vem com a gente:

  • Lavar ativamente com ácido poliacrílico a cavidade por aproximadamente 15/20 segundos.
  • Lavar com seringa tríplice (água + ar) para remover qualquer resíduo de ácido no local.
  • Aplicar o PREMER na placa de vidro (liquido)
  • Aplicar, utilizando o microbrush, o primer em TODA a cavidade.
  • Jogar jato de ar (não diretamente) por 20 segundos.
  • Fotoativar por 20 segundos.
  • Fazer separação pó/líquido e ver a proporção de 1/1.
  • Agitar o pó “frente e trás” e aplicar na placa de vidro.
  • Aplicar o liquido na posição vertical na placa eliminando as bolhas.
  • Dividir o pó ao meio (duas metades)
  • Incorporar o pó e o liquido com auxilio da espátula n° 24.

a. Espatular 15 segundos a primeira metade
b.  Espatular 30 segundos a segunda metade


  •      Aplicar na cavidade com espátula de inserção n° 1
  •          Da forma ao dente – remover excessos com a colher de dentina
  •      Fotoativar por 40 segundos
  •      Aplicar o finish gloss com microbrush
  •      Caso existe excesso, remova-o.
  •      Fotoativar por 20 segundos 

sábado, 10 de dezembro de 2016

PATOLOGIA - LESÕES BUCAIS INDUZIDAS POR AGENTES FÍSICOS/QUÍMICOS

QUERATOSE FRICCIONAL 

>> CARACTERÍSTICA CLÍNICA:
Queratose friccional em mucosa jugal esquerda.
  • Lesão branca com superfície queratótica irregular associada com atrição ou fricção crônica. 
  • Lábios, bordas laterais da língua, rebordo alveolar edêntulos, braquets ortodônticos, mucosa jugal
  • Pode ser causada por próteses mal adaptadas e estresse mastigatório
>> CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS:
  • Epitélio com hiperceratose (resposta hiperplásica reativa)
  • Tecido conjuntivo subjacente com discreto infiltrado inflamatório crônico. 
>> TRATAMENTO:
  • Interromper o hábito, eliminar o agente causal e caso persista após remover, realizar biópsia.

ESTOMATITE NICOTÍNICA 

Relacionado muitas vezes ao fumo e bebidas quentes

É uma das mais comuns alterações de palato duro

Não é maligna sendo possivelmente apenas uma resposta ao calor

>> CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS:
  • Homens com mais de 45 anos
  • Mucosa difusamente cinza ou branca, com presença de pápulas (inflamação de gl. salivares menores) de centros vermelhos puntiformes (do ducto),  
Estomatite nicotínica em palato duro.

>> CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS:
  • Hiperqueratose e acantose do epitélio
  • Leve infiltrado inflamatório crônico irregular
  • Metaplasia escamosa do ducto.  TRATAMENTO: reversível -> remover o agente causal e entre 1 a 2 semanas o palato volta ao normal. Caso a lesão persista por mais de um mês, realiza biópsia pois pode ser uma leucoplasia. 
QUEILITE ACTÍNICA 

Ou quilose actínica, queilose solar.

Potencialmente maligna -> vermelhão do lábio inferior (exclusiva) -> exposição crônica aos raios UV do sol.

>> CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

  • Lábio de marinheiro/agricultor
  • Homens com mais de 45 anos
  • Lesão com desenvolvimento lento
  • Apresenta atrofia da borda do vermelhão do lábio inferior apresentando áreas lisas/manchadas/pálidas
  • Apresenta ressecamento/fissuras perdendo assim a margem entre o vermelhão e a pele. 
  • Pode apresentar ulceração.



>> CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS:

  • Apresenta diferentes graus de displasia, hiperqueratose, atrofia e acantose do epitélio
  • Apresenta elastose solar (faixa celular amorfa, basofílica -> alteração das fibras colágenas e elásticas que ficam mais roxas) em tecido conjuntivo


>> TRATAMENTO - Depende dos diferentes graus de displasia:

- Sem displasia ou displasia leve -> acompanhamento + prevenção
- Displasia moderada/severa ou carcinoma in situ -> excisão + acompanhamento + prevenção
- Carcinoma de células escamosas -> excisão médica + acompanhamento + prevenção
  • É necessário realizar acompanhamento de longa duração
  • São irreversíveis os seus efeitos, ou seja, é bom cuida ao se expor ao sol.
  • Vermelhectomia: remove o vermelhão dos lábios e tracionamento da pele
  • 6 a 10% das QA -> CARCINOMA ~ Pessoas com mais de 60 anos

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

RADIOLOGIA - PROCESSAMENTO RADIOGRÁFICO MANUAL

A realização das radiografias é essencial para complementar um diagnóstico, ou até mesmo, possibilitar um tratamento, mas para que isso ocorra, a o filme sensibilizado pelos raios-x deve passar por um processamento para que torne a imagem latente ali existente em uma imagem visível. Sabendo isso, é indiscutível e essencial conhecermos como se dá essa modificação na imagem, uma vez que, ainda é elevado o custo para se ter uma processadora automática no consultório, sendo realizado sempre manualmente, em cabines escuras ou até mesmo em pequenos "casulos". 

A seguir, aprenderemos e iremos rever como é o PROCESSAMENTO MANUAL RADIOGRÁFICO:

>> O primeiro passo, e não menos importante, é necessário termos colgaduras (individuais ou conjuntas) para facilitar o processamento e evitar contato físico com o material, por exemplo.


Colgaduras individuais e conjuntas para processamento.

>> O segundo passo é saber a sequência que devemos seguir para que no fim tenhamos uma imagem de qualidade.

Sequência correta para o processamento.
1. Revelação: devemos colocar o filme no material revelador por tempo determinado de acordo com a temperatura do ambiente e também com a fórmula usada.  
* Temperatura entre 18° e 24°C  
* Responsável pela diferença entre as áreas do filme que foram sensibilizadas e não sensibilizadas. 
* Nessa solução encontramos: agente ativo, acelerador, alcalinizador, preservativo, retardador e moderador... 
* Oxida em contato com o ar 
** Exaustão: diminuição na capacidade de revelação (de acordo com o número já feito). Torna a imagem mais marrom.  
 
2. Banho Intermediário/Interrupção: para não contaminar os materiais das próximas etapas. 
* Aproximadamente 20 segundos 
 
3. Fixação: banhar o filme em material fixador justamente para fixar a imagem, pois é essencial iluminar os cristais não revelados no filme para que ele não sofra descoloração ou escurecimento com o tempo, ou seja, é uma etapa importante para obter boa qualidade. 
* Aproximadamente 10 minutos 
* Caso fique pouco tempo -> imagem esverdeada 
* Tem preservação antioxidante  
* Responsável pelo endurecimento da gelatina 
* Responsável por remover os cristais de halogeneto de prata da emulsão dos filmes que não foram sensibilizados pela radiação 
* Quando o filme fica transparente -> pode ser que não tenha sido exposta a radiação ou quando se pula a etapa de revelação e lavagem intermediária, indo direto para o fixador. 
 
4. Lavagem Final: indispensável para retirar todos os resíduos presentes no filme. 
* Aproximadamente 20 minutos 
* Falta da lavagem final - Filme higroscópico - Filme com sais esbranquiçados - Destruição da gelatina com o passar do tempo 
* Se a radiografia ficar amarelada com o passar do tempo, significa que a lavagem final não foi satisfatória.  
 
5. Secagem:
* Gradativa ~ leve brisa 
* Admite-se estufas e ventilações adequadas 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

IMUNOLOGIA - ANTICORPOS

A Imunologia é o ramo responsável pelo estudo relacionado aos mecanismos de defesa do nosso organismo.

>> Defesas Específicas do Organismo responsáveis pela Resposta Imune! 

ANTÍGENOS: são proteínas ou polissacarídeos non-self que possuem a capacidade de induzir uma resposta imune.

DETERMINANTES ANTIGÊNICOS (EPÍTOPOS): são porções da molécula do antígeno responsáveis pelo não reconhecimento. 

HAPTENO: são substâncias isentas de propriedade antigênica, que quando ligadas à proteínas plasmáticas, induzem resposta.

ANTICORPOS:

* Distribuição Natural: plasma sanguíneo, fluido intersticial, secreções, superfície de certas células imunes efetoras. 

* Reconhece o antígeno -> muita especificidade 

É importante ressaltar que: ninguém nasce alérgico, a pessoa se torna alérgica a um antígeno (para sempre) através do contato com ele. 

* Parátopo: sítio combinatório do anticorpo 

Anticorpos (em formato de Y) na corrente sanguínea.
>> Como o AC se liga ao AG?

* Através de forças covalentes 

* Afinidade: somatória das forças repulsivas e forças de atração 

* Avidez: ac-ag multivalentes 

>> As diferentes classes de Anticorpos: 

* São diferenças presentes na região constante das cadeias pesadas 

* IgM, IgG, IgA, IgD e IgE 

* Sub-classes: IgG1-4, IgAs, IgA1, IgA2 

* Possuem funções distintas na resposta imune 

~ IgM: 

* 12-14% conteúdo de carboidratos 
* 5 forquilhas 
* 10 FAB (união) ligadas pela FC (função) para aumentar a resultante de reconhecimento 
* 10% do pool de imunoglobulinas (tá sempre sendo produzido pois estamos constantemente entrando em contato com novos antígenos) 
* É o primeiro anticorpo a ser produzido e sua maior parte está confinada ao espaço intravascular (se vasodilatar ele sai) 
* Liga-se fortemente aos antígenos 
* Não existem receptores nas células fagocíticas e em outros leucócitos. 
* Não serve como opsonina, mas é eficiente na ativação do sistema complemento. 

~ IgG: é a mais importante 

* 2-3% do conteúdo de carboidratos 
* 70-75% do pool total de Ig 
* Importante na resposta imune secundária (quando entra em contato novamente) e na imunidade do recém-nascido. 
* Criança nasce com o IgG da mãe (via cordão umbilical) permitindo sua sobrevivência (forma passiva). 
* Receptor Brambell (FcRB) -> tem na luz do capilar também, é o que permite a passagem do IgG da mãe para o filho. 
* Sua função mais importante é facilitar o englobamento e a destruição dos microrganismos extracelulares e de toxinas pelos fagócitos. 
* Atua na opsonina e no sistema complemento. 

~ IgA

* Representa 15-20% do pool de Ig 
* IgA sérica é um monômero, enquanto que a secretora é um dímero (mais efetiva) 
* Transferência passiva de imunidade 
* Está presente em secreções mucoserosas e traqueobronquiais 
* Responsável por proteger as superfícies epiteliais como trato gastrointestinal, olhos, nariz, garganta, entre outros. 

~ IgD

* Produzida em pequena quantidade (menos de 1% do total de Ig) 
* 12-14% de carboidratos 
* Liga-se à membrana da célula beta 
* Sua função biológica é incerta, mas acredita-se que esteja envolvida na diferenciação dos linfócitos. 

~ IgE

* Pequena quantidade no soro (0,002% dos AC séricos totais) 
* Presentes na superfície de mastócitos, basófilos e eosinófilos. 
* Importante na imunidade contra parasitas, contrações do músculo liso, aumento da permeabilidade, remoção física de patógenos parasitas e reações alérgicas. 

>> FUNÇÕES EFETORAS DOS ANTICORPOS

* Aglutinação: aumenta a fagocitose e reduz o número de unidades infecciosas a serem manejadas.

* Neutralização -> vírus, bactérias, toxinas.

* Opsonização

* Ativação do Complemento




Fonte imagens: Google.